abro os olhos
boca seca
ouço o som dos pássaros no outro lado da rua
ainda que com a percepção sensorial desorientada
é perceptível a sensação térmica do lado de fora
raios de luz que cobrem o chão
ilumina cada ponto de vida
e toca minha pele

levanto-me lentamente
aproximo meus pés ao chão
sinto a sensação gélida ao contato
apenas quem valoriza o sentir
sabe enxerga-lo em diversas vertentes
locais
e maneiras

fecho os olhos num longo suspiro
ouço o som das rupturas do meu peito que incontáveis vezes insisti em me dizer
o tempo
o momento
a hora de se fazer
e de sentir
e de ser
ignoro.
ele insisti
você sente?
é como alguém que incansavelmente persiste em te amar
e tão pouco sei sobre isso.

acredito que tenho a necessidade de dar nome aos efeitos
a cada sensação
cada frio na barriga
e cada palavra dita
e as não dita
que permanecem flutuando em minha mente
num local do espaço que é restrito vagar
mas que o meu sentimentalismo
permite admirar

transcrevo e transmito
todas versões de mim
carrego comigo os medos do meu sentido de amar
e de como a intensidade me tornou covarde e frágil
e das palavras não dita
eu sinto


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